O SINPOL DENUNCIA O DESCASO DO ESTADO COM A SAÚDE MENTAL DOS POLICIAIS CIVIS DE PERNAMBUCO

O Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco vem a público lamentar o segundo suicídio de um Policial Civil em menos de 4 dias. No último domingo (06/12), um Comissário de Polícia tirou a própria vida – ele estava afastado da função. Hoje (10/12) um Delegado de Polícia se matou no final de um plantão na Delegacia de Plantão de Vitória de Santo Antão.

Esses casos extremos – de tirar a própria vida – é a ponta do iceberg de um problema que existe desde sempre e que o Estado joga “pra debaixo do tapete”. A depressão e outros problemas psicológicos fazem parte do dia a dia da vida Policial, porém a própria Instituição não faz questão nenhuma de combater os principais sinais nem orienta os chefes, gestores e os próprios colegas a identificarem que o servidor está precisando de ajuda.

Recentemente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu a “Síndrome de Burnout” como doença relacionada ao stress do trabalho e entrará no ano de 2022 na Classificação Internacional de Doenças – CID. A lista, elaborada pelo órgão, tem por base as conclusões de especialistas de todo o mundo. A classificação é utilizada para estabelecer tendências e estatísticas de saúde. E os especialistas identificam tal doença com mais características na atividade policial.

Para os especialistas, os Policiais acabam se esforçando muito com o trabalho e, várias vezes, se esquecem dos momentos de descontração e relaxamento. É como se a mente dessas pessoas estivesse alerta o tempo todo, fazendo com que se sintam exaustas. Muitas vezes, o Burnout também está ligado ao fato das pessoas trabalharem em empregos que exigem bastante delas e essa cobrança exacerbada de si mesmo, e pelos superiores, acaba impactando de forma negativa na vida pessoal e profissional.

O SINPOL vem cobrando do Governo do Estado mudanças em procedimentos rotineiros na Polícia Civil, tais como remoções e permutas sem a anuência ou conhecimento do servidor. Para Rafael Cavalcanti, presidente do Sindicato, “muitos servidores ficam frustrados pelo simples motivo de uma remoção ou permuta e muitas vezes ele é o último a saber. É um absurdo que ainda não tenhamos um banco de permutas/remoções na PCPE”.

Também é um absurdo ter metas na Polícia Civil, principalmente porquê os Policiais Civis não trabalham com quantidade de procedimentos e sim com qualidade. A investigação criminal não deve ocorrer de improviso e não raramente as cobranças por remessas de inquéritos policiais, faz com que os procedimentos sejam enviados de todo jeito e que mais tarde retornarão à Polícia Judiciária por ausência de informações cruciais para elucidar crimes. Acrescenta Rafael, “se o Policial não bate a meta, ele vai perder a chefia ou ser transferido para outra delegacia como forma de punição”.

No caso do suicídio do delegado, há relatos de pedidos de remoção para outras delegacias e a Administração Pública sempre negando, levando o Policial Civil a tirar a própria vida dentro da Delegacia de Plantão de Vitória de Santo Antão. Em outras situações, o Estado simplesmente afasta o servidor público, deixa-o à própria sorte e aguarda que ele próprio se cure do dia para a noite. Mais uma vez o SINPOL lamenta a morte dos Policiais nesta semana e espera que o Estado de Pernambuco implemente uma política de saúde pública para os servidores da segurança pública de Recife a Petrolina com a criação de unidades de saúde mental.